Icambalacho

Grupo de teatro criado pelo Instituto de Cultura, Arte e Música de Brasília- ICAM!!!!

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Integrantes: Rodrigo Mariani

        
        
        
         Dos cinco anos de idade, eu ainda me recordo de momentos familiares nos quais fazia apresentações dançando ao som das músicas executadas por meus irmãos, e até de cenas em que interpretava meus super-heróis favoritos para todos verem. Mal sabia minha tia-avó baiana que aqueles punhados de areia que eu jogava para o alto eram meus super poderes, e não brincadeiras estranhas de um menino de cidade grande.
        Efeitos pirotécnicos a parte, meu talento íntimo sempre foi a arte cênica. No decorrer da minha infância, sempre me encantava com as peças apresentadas na escola, na catequese, nos teatros que minha mãe bondosamente me levava e, sobretudo, em todas as apresentações circenses, que meu pai fazia questão de não me deixar perder nenhuma que pisasse na capital federal.
        Foi a partir desse desenvolvimento artístico-familiar que me interessei, e resolvi trabalhar meus dotes cênicos. Comecei no teatro da Igreja aos 12 anos de idade, e desde então vivi uma rotina de vários ensaios e apresentações semanais. Nesse meio, percorreram diversos diretores e atores profissionais que contribuíram significantemente na minha formação como ator. Além de me propiciarem experiências incríveis, como a apresentação para um púbico de 20 mil pessoas. Já faz oito anos desde que comecei com o diretor Ademir Pereira, e tais vivências abriram diversas frentes para que eu me envolvesse e aprendesse mais.
        Dentre as várias apresentações que criei ou participei no âmbito escolar, ficaram marcados os dois anos de aprendizado com o professor Ricardo Guti. Ele me mostrou a história do teatro desde os cultos ao deus Dionísio às inovações contemporâneas. A atuação como Romeo na peça de Shakespeare, dirigida por ele, foi um pontapé marcante no meu envolvimento com o teatro.
        Como auxílio do Guti, preparei-me e fui aprovado na certificação de habilidade específica em artes cênicas da Universidade de Brasília (UnB). Tal reconhecimento me impulsionou a explorar as várias faces do meu talento. Até então possuía um conhecimento de forma bem geral das danças: contemporânea; dança de rua; tango; salsa; e até tarantela. Estudei por dois anos teoria musical, ritmo, solfejo e técnicas de canto popular. Essas habilidades foram cruciais em duas montagens musicais das quais fui protagonista. Ambas as montagens foram com verba pública e possuíam uma ótima produção que, além dos atores, contava com algo em torno de 20 pessoas. A dura rotina de ensaios e as apresentações em si, foram experiências inexplicáveis que, além de desenvolver meu íntimo artístico, sobretudo construiu uma postura profissional de ator que eu nunca esperava ter, pois sempre fiz tudo pela satisfação pessoal em atuar.
        Essa nova postura de ator foi construída a partir de hábitos como: a organização da agenda para conciliar os ensaios e os estudos; a relação com a produção na criação do material audiovisual; a divulgação formal; entre outras práticas... Uma atitude marcante nessa construção foi o sacrifício de emagrecer 13 Kg para fazer o protagonista do meu primeiro musical em 2006: Francisco.
        Depois de vivenciar vários personagens e montagens diversas, senti-me preparado para pedir um investimento da minha mãe em algo maior e mais profissional. Foi então que fui selecionado em Brasília para um evento em São Paulo, do qual participariam muitos dos profissionais de maior visibilidade na área do teatro no Brasil. Excluindo as agências de moda – que me deixam indignado pela simples presença delas num evento como esse – havia 17 representantes da área cênica, entre eles produtores teatrais, produtores de elenco da Globo, do SBT e da Record, diretores de cinema, e escolas de arte. Apresentei meu monólogo para eles e para um público de duas mil pessoas, que me aplaudiram de forma tão intensa que me emociono sempre que lembro. Minha felicidade foi imensa e até me deixou despreocupado com o resultado. Quando a este, eu sabia que seria bem rígido pelo alto grau de instrução dos avaliadores e, para confirmar meu temor, na medida em que os resultados dos meus colegas iam saindo, eu via que a média era de 5 a 7 seleções. Quando recebi meu resultado, eu vi na folha todas as 17 seleções: não acreditei! Demorou muito para cair a ficha de que meu talento tinha sido reconhecido, e que eu precisava levar isso a sério.
        Com tudo isso, minha cabeça ficou muito embaralhada, pois eu havia acabado de passar no vestibular para Ciência Política na UnB. Passei a analisar o âmbito profissional dos atores e identifiquei muitos pontos negativos. Uma coisa que não saía da minha cabeça eram os atores maravilhosos que conhecia em Brasília que, com suas apresentações, faziam-me brilhar os olhos e abrir a boca, mas que não tiveram oportunidades de serem inseridos no “estamento cênico” das grandes produções. Seja pela origem humilde, seja pela indústria suja do entretenimento, são milhares as externalidades que impedem que verdadeiros talentos sejam reconhecidos. Isso me levou a empenhar-me na graduação de Ciência Política, focando-a sempre na gestão pública do Ministério da Cultura. Vi que seria muito mais feliz se conseguisse elevar verdadeiros talentos ao patamar que merecem estar, do que viver no egoísmo de uma carreira individual.
        No momento compartilho minha “necessidade teatral” com os maravilhosos atores do Grupo Icambalacho. Estou muito feliz e muito empolgado para a estréia de CARAS DO BRASIL nos dias 11, 12 e 13 de Março.

Rodrigo Mariani.

Um comentário:

  1. "Nem a loucura do amor
    Da maconha, do pó
    Do tabaco e do álcool
    Vale a loucura do ator
    Quando abre-se em flor
    Sob as luzes no palco..." - Chico Buarque
    Pra mim é um prazer fazer parte do mesmo grupo que esse cara. Um ótimo ator, sempre disponível, com um ótimo currículo e ainda sim humilde. Adorei dirigir a Velejar em que ele dá um show de representação e o resultado são as lágrimas do publico. Admiro muito Rodrigão rs

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